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Uma profissão de risco

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Um dos grandes desafios dos oficiais e oficialas de Justiça no cumprimento de suas funções é a segurança. Não chega a ser raro os casos de agressões a esse servidor pela parte intimada. No caso das oficialas, o risco chega a ser dobrado, já que são vistas como elo mais frágil na situação. A segurança também é colocada em xeque quando o local onde o mandado deve ser cumprido é considerado perigoso, como aqueles próximos a pontos de tráfico de drogas.

A oficiala de Justiça Simone Cristina do Nascimento Sarmento, da Comarca de Goiânia, já vivenciou as duas realidades. Além de já ter se visto no meio de ponto de tráfico de drogas sem saber, ela sentiu na pele o peso da agressão não apenas uma, mas duas vezes. Nas duas ocasiões, por homens e mesmo acompanhada de um colega oficial. Simone lembra com pesar das situações. Em uma delas, foi jogada ao chão grávida. Nos dois casos, cumpria mandados de busca e apreensão de veículos. “A gente chamou a polícia, mas nesses dois casos ela ainda não tinha chegado e os veículos estavam saindo. Fui conversar com a pessoa e, mesmo estando com colega homem do lado, os agressores vieram pra cima de mim e não para cima dele”, conta.

Também nos dois casos, Simone fez a denúncia, mas a punição veio em forma de pagamento em cestas básicas.  Eu fiquei muito indignada. Eu estava cumprindo uma ordem judicial, eu estava ali em nome do Estado e para o Estado minha vida vale uma cesta básica”, conta indignada.

“Eu decidi fazer krav magá porque vi que são situações (de agressão) que podem acontecer, mesmo estando com colegas homens. Há aqueles que são extremamente covardes, que vê que você é mulher e acha que pode te agredir”

Simone Cristina do Nascimento Sarmento

Depois das agressões, a oficiala de Justiça resolveu investir em defesa pessoal e começou a lutar Krav Magá e em cursos de tiro, apesar de ainda não ter decidido tirar o porte para arma de fogo. “Eu decidi fazer krav magá porque vi que são situações (de agressão) que podem acontecer, mesmo estando com colegas homens. Há aqueles que são extremamente covardes, que vê que você é mulher e acha que pode te agredir”, lamenta. E nem sempre as oficialas estão acompanhadas, geralmente em situações em que será feita apenas intimação.

O cumprimento de mandados relacionados à Lei Maria da Penha também costuma ser desafiador, tanto por algum risco de agressão a que se fica exposto, quanto pela realidade que pode ser encontrada. Para ter mais segurança no cumprimento dos mandados, Simone não abre mão do acompanhamento da viatura “Maria da Penha”, principalmente em ocasiões como casos de afastamento do lar.

No exercício diário da sua profissão, Simone entendeu que conversar, escutar e ter paciência ajuda a compreender melhor tudo o que está acontecendo. “É preciso ter empatia com a pessoa que está recebendo a intimação. Depois que comecei a trabalhar desse jeito, minha vida profissional melhorou demais. As pessoas me agradecem por escutar, orientar”, afirma.

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