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Muito além do papel

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Cumprir uma ordem judicial está longe de ser uma atividade automática, em que se faz o que está escrito no papel sem intercorrências. Em muitos casos, é preciso ter estratégia e jogo de cintura para alcançar o objetivo da melhor forma possível para as partes envolvida, e em algumas situações, é necessário realizar uma “investigação” para conseguir cumprir o que o juiz determinou.

Foi o que Amélio Alves e outro oficial de justiça precisaram fazer para conseguir cumprir um mandado de busca e apreensão de dois menores, levados do pai pela mãe durante as férias. O pai, que ficou com a guarda das crianças depois que mãe as abandonou em Minas Gerais, entrou na justiça para recuperar os filhos, que estavam vivendo em situação de vulnerabilidade em Goiânia. “O pai veio atrás e descobriu que os filhos estavam dormindo na rua, dentro de um carro para vigiá-lo, e pedindo dinheiro no sinal”, lembra.

Amélio e o colega oficial conseguiram, a partir de um vídeo gravado pela avó, localizar o paradeiro delas. O objetivo do vídeo era mostrar que as crianças estavam bem, mas imagens deram pistas do local onde elas estavam ao revelar um lote baldio e uma casa verde. Eles sabiam o bairro, mas não a localização das crianças. Foi aí que os colegas iniciaram uma verdadeira investigação, com direito ao auxílio do Google Maps. “Nós fomos entrando rua por rua à procura de um lote baldio e uma casa verde. Até que encontramos”, conta.

Quando chegaram, viram um dos meninos, que respondeu ao ser chamado pelo nome e chamou o irmão. Quando confirmaram serem as crianças, solicitaram apoio da polícia. Elas estavam sozinhas com outros menores. Todos foram direcionados para o Conselho Tutelar. Uma das crianças chegou a levar os policiais até a mãe. Elas, conta Amélio, estavam em situação de risco iminente e o pai estava desesperado. Depois do cumprimento do mandado, os meninos voltaram para casa com o pai. “Pouco tempo depois ele enviou fotos mostrando como eles estavam em e saudáveis”, relembra.

Outra situação, também envolvendo menores, ocorreu quando Amélio estava atuando no Juizado da Infância e Juventude. Também nesse caso, o pai tentava resgatar a criança. A guarda era da mãe, mas quando a criança foi passar o final de semana com o pai, ele percebeu que ela apresentava marcas de corda nos punhos e outras partes do corpo. Ela estava sofrendo maus-tratos do companheiro da mãe.

Amélio foi cumprir o mandado na escola da menina, mas ela se recusou a ir com ele, por se tratar de um desconhecido e pedia pela presença do pai. Apesar de não ser prática deixar a parte envolvida por perto durante o cumprimento do mandado, para evitar confusões, foi preciso chamar o pai para pegar a criança. A essa altura, a mãe já estava no local e foi preciso contar com a intervenção da polícia. “Foi a ação da criança, ao ver o pai, que me fez ter tranquilidade de que estava fazendo a coisa certa. Ela correu para os braços do pai e disse que ele tinha cumprido a promessa de buscá-la”, conta.

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