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Uma semana como gerente de lavoura

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Quando Vítor Alves Sales Bastos assumiu a função de oficial de Justiça, em Acreúna, não sabia que um dia teria que se transformar em um “gerente de lavoura”. Durante uma semana, tempo que levou para cumprir um mandado, ele precisou acompanhar a colheita, o transporte e o armazenamento de 250 toneladas de soja.

Vítor estava cumprindo um mandado de arresto de soja. Não que já não tivesse cumprido outros, mas nenhum com a soja ainda plantada. “Como oficial, tive que tomar a frente. Virei uma espécie de gerente da lavoura na hora, porque tinha que mandar colher, acompanhar o caminhão até o depósito”, lembra.

A tarefa não foi fácil. Vítor lembra da animosidade que se instalou até chegar ao ponto de precisar chamar a polícia e a necessidade de contar com a colaboração das partes. Entre as dificuldades, além do fato da soja ainda estar plantada, a propriedade era muito extensa e envolvia várias matrículas. “Não existe nenhum lugar pra você procurar essas matrículas. E era uma propriedade grande, que pegava várias”, diz.

Dentre os mandados de arresto que já precisou cumprir, esse foi o mais atípico. Para Vítor, foi uma oportunidade para ganhar experiência. “Eu chegava na fazenda cedo e tinha que explicar a urgência da situação, tudo o que estava envolvido. A ordem do juiz está ali para ser cumprida e é preciso fazer as pessoas entenderem e levar a sério o que estava determinado”, conta.

A falta de conhecimento sobre o assunto dificultou o processo, mas não impediu o êxito do cumprimento do mandado. Vítor frisa que a complexidade de alguns mandados demanda jogo de cintura para tratar com as partes e, em alguns casos, uma dose de aventura. “As pessoas não imaginam o que, muitas vezes, precisamos fazer e enfrentar para cumprir um mandado”, frisa, lembrando que, em muitos casos, se não houver cooperação, o processo fica ainda mais complicado. “Você tem um papel, um crachá e precisa dizer para a pessoa tirar a propriedade do nome de uma pessoa e passar para outra. É um trabalho de convencimento, em que é preciso explicar bem a ordem e o que ela implica”, completa.

Apesar deste ter sido o mais atípico já cumprido por Vítor, não foram poucas as vezes que se deparou com situações, no mínimo, complicadas. Como no caso de arresto de animais vivos em que é preciso lidar com uma parte que não entende o papel do oficial de justiça e questiona, inclusive, sua responsabilidade caso algo aconteça com o animal. “É difícil para a parte a quem se destina o mandado entender o seu papel, a sua função”, assinala.

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